Karatê – Arte de lutar com as mãos vazias

A palavra Karatê vem do sufixo “Kara” (vazio) e “Te” (Mão), o que pode ser entendido como a “Arte de lutar com as mãos vazias”.

O Karat possui princípios filosóficos como um dos seus principais ensinamentos. Esses princípios são determinantes para polir o ser humano.

É baseado nesses princípios que deve viver um praticante de Karatê, levando estes conceitos para todos os segmentos de sua vida: seja na família, nos estudos, no trabalho, no convívio com os amigos, etc.

Um pouco de história

O Karate-do teve suas origens na Ilha de Okinawa, através de muitos Mestres de Naha-te (cidade de Naha), Shuri-te (cidade de Shuri) e Tomari-te (cidade de Tomari) que imigraram à China em busca de novos conhecimentos. Lá encontraram o Boxe Chinês (Kenpo), esta Arte Marcial chinesa fora criada pelos Monges Budistas, pela necessidade de desenvolver uma forma de defesa para combater os ataques de assaltantes e criminosos.

Em Okinawa, estes Mestres mesclaram seus conhecimentos aos conhecimentos adquiridos na China, mais a necessidade de se criar uma forma eficaz de combate que não utilizasse nenhum tipo de arma em função da ocupação da Ilha pelos Samurais, que proibiram a utilização e porte de qualquer tipo de arma. Criou-se então uma forma de combate que utilizava o próprio corpo como arma tendo movimentos de defesa e ataque, baseados em sua maioria, em movimentos de animais e insetos, daí então o surgimento da palavra KARATE-DO, que hoje quer dizer: “Kara” Vazio – “Te” Mãos – “Do” Caminho.

Vários Mestres formularam suas próprias técnicas, surgindo então os estilos. Cada Mestre em cada parte da Ilha, dava ênfase à determinada técnica ou prática, ou sistema, de acordo com seus conhecimentos e necessidades. Não se sabe ao certo quantos estilos existem hoje, pois além dos estilos tradicionais, existem também, vários estilos derivados.

O Karatê se popularizou em todo o Japão por volta de 1920, quando alguns mestres foram convidados pelo Imperador (após uma demonstração em Okinawa) a lecionar a arte do Karatê nas universidades. Sendo então incorporado às tradicionais artes marciais japonesas e seguindo o sistema de filosofia do Budo (Caminho Marcial) adotando a partícula “Do” no final, como o Judo, Kendo, Aikido, Kyudo, Iaido, etc.

Nos últimos anos, foram formuladas regras de combate simulado para se evitar ferimentos graves, com o propósito de introduzir o Karatê como um esporte competitivo. O Karatê de torneio é um jogo de reflexos que exige “timing”, velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalecem honra, lealdade e senso de compromisso.

Nos anos 50, as universidades no Japão começaram a promover competições de Karate. O 1º Campeonato Mundial foi realizado em 1970 em Tóquio, Japão, com a participação de 33 países, entre eles o Brasil, e, desde então, cada campeonato mundial tem sido promovido de dois em dois anos.

Karatê no Brasil

Vindo como imigrante do Japão em 1959, Shihan (Mestre) Sadamu Uriu, foi o introdutor do karatê no Brasil e sua história se confunde com a do próprio karatê brasileiro.

Em 1951, aos 22 anos, Sadamu Uriu foi para a Universidade Takushoku, em Tóquio. Lá, além de se formar em economia, iniciou o seu treinamento em Karatê, sendo discípulo do famoso Mestre Nakayama .

Na Universidade Takushoku praticaram Karatê com Mestre Nakayama três outros mestres importantes da arte marcial, que acabaram também vindo para locais diversos no Brasil: Higashino, no Distrito Federal, Tanaka, no Rio de Janeiro e Sagara, em São Paulo.

Em 30 de dezembro de 1958, Mestre Uriu embarca, sem nenhum acompanhante, no Kasato Maru, um navio do governo japonês destinado para pessoas que desejassem emigrar para o Brasil. Nessa época, o governo japonês mantinha contatos com japoneses já estabelecidos no Brasil e que precisassem de mão de obra. A viagem durou 45 dias e Sadamu Uriu desembarcava no porto de Santos, São Paulo, dirigindo-se em seguida para Pindamonhangaba, também em São Paulo, para trabalhar na atividade agrícola na fazenda de Yoshio Igarashi.

De Pindamonhangaba, Sadamu Uriu vai para a capital, São Paulo, para trabalhar na fábrica da Toyota, onde permaneceu dois anos, 1960 e 1961, tendo como colega de trabalho, outro mestre importante do karatê, Yasutaka Tanaka, que deixara o Japão um mês depois de Uriu e, através da troca de cartas, viera se juntar a ele.

Já estabelecido em São Paulo, Sadamu Uriu começou a se reunir com alguns de seus ex-colegas da faculdade de Takushoku no Japão, também imigrantes, para treinar Karatê
Em 1962 Sadamu Uriu, juntamente com Lirton Monassa e Tanaka decidem se transferir para o Rio de Janeiro e começam a lecionar Karatê na academia Kobukan.

Após ser convidado para uma demonstração de luta no Batalhão de Infantaria-Paraquedista do Rio de Janeiro e vencer as disputas contra um soldado boxeador e outro capoeirista, Mestre Uriu, começa a ensinar Karatê no Batalhão de Infantaria, onde ficou por 15 anos, até 1978. No meio militar, Mestre Uriu foi também instrutor da Escola de Comunicação do Exército (1964 a 1967) e da Escola Militar no Forte do Leme (1965 a 1967), todos no Rio de Janeiro.

Em 1964, alguns alunos e admiradores ajudam Mestre Uriu a montar a academia Shidokan, na Usina, no estado do Rio de Janeiro. Com a formação de vários atletas faixas-pretas pelo Mestre Uriu, na Shidokan, e pelo Mestre Tanaka, na Kobukan, começam a surgir diversas academias, expandindo-se, assim, o karatê no Rio de Janeiro.

De 1973 a 1985, Mestre Sadamu Uriu foi também instrutor da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.

Em 1994, Mestre Sadamu Uriu fundou a Confederação Brasileira de Karatê Shotokan – CBKS, com o objetivo de trabalhar pelo desenvolvimento do esporte sem interesses econômicos, políticos e de poder.

Referências bibliográficas: